Programa de Controle da Raiva dos Herbívoros

O que é a Raiva?

A raiva é uma doença aguda do Sistema Nervoso Central (SNC) que pode acometer todos os mamíferos, inclusive os seres humanos. A sua transmissão sucede-se por morcegos hematófagos. É caracterizada por uma encefalomielite fatal causada por vírus do gênero Lyssavirus. A Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), em seu Código Sanitário para os Animais Terrestres, lista a raiva na categoria das enfermidades comuns a várias espécies. Existem duas formas: a furiosa (comum em cães, gatos e o próprio homem), e a paralitica que afeta bovídeos e equídeos, em geral os animais de produção.

Como se deve proceder ao encontrar morcegos?

Os morcegos são benéficos ao homem e ao meio ambiente, constituem importantes agentes polinizadores, atuam como dispersores de sementes para reflorestamento de áreas degradadas e controle insetos. Portanto, as colônias de morcegos nunca devem ser exterminadas. Entretanto, em hipótese alguma devemos ter contato com morcegos encontrados no ambiente urbano ou rural e, ao deparar-se com morcegos caídos, devemos comunicar ao centro de controle de zoonoses do município ou ao órgão de defesa sanitária animal (IDARON).

Como prevenir a raiva?

Nos animais de produção, a vacinação de todo rebanho é a única forma de prevenir a raiva. A vacinação deve ser anual e todos os animais devem ser vacinados. Os primovacinados devem receber dose de reforço após 30 dias.

A vacinação contra a raiva é obrigatória?

Não é obrigatória, a vacinação é de adesão voluntária e recomenda-se que, quando realizada, seja declarada junto a Agência IDARON. No entanto, em regiões onde a raiva for diagnosticada, a vacinação passa a ser obrigatória no raio de 3 km do foco.

Quais os sinais clínicos de um animal com suspeita de raiva?

Os sinais clínicos iniciam-se com o isolamento do animal, que se afasta do rebanho, apresentando certa apatia e perda do apetite, podendo se apresentar de cabeça baixa e indiferente ao que se passa ao seu redor. Seguem-se outros sinais, como aumento da sensibilidade e prurido na região da mordedura, mugido constante, tenesmo, hiperexcitabilidade, aumento da libido, salivação abundante e viscosa e dificuldade para engolir (o que sugere que o animal esteja engasgado). Com a evolução da doença, apresenta movimentos desordenados da cabeça, tremores musculares e ranger de dentes, midríase com ausência de reflexo pupilar, incoordenação motora, andar cambaleante e contrações musculares involuntárias. Após entrar em decúbito (deitar), não consegue mais se levantar e ocorrem movimentos de pedalagem, dificuldades respiratórias, opistótono, asfixia e finalmente a morte, que ocorre geralmente entre 3 a 6 dias após o início dos sinais, podendo prolongar-se, em alguns casos, por até 10 dias. 

Como tratar a raiva?

Não há tratamento. A doença é fatal, uma vez iniciados os sinais clínicos da raiva, nada mais resta a fazer, a não ser isolar o animal e esperar sua morte, ou sacrificá-lo na fase agônica. Como os sinais em bovinos e equinos podem ser confundidos com outras doenças que afetam o sistema nervoso é importantíssimo que seja realizado o diagnóstico laboratorial.

A carne de um animal suspeito de raiva pode ser aproveitada?

Nunca se deve aproveitar para consumo a carne de animais com suspeita de raiva. Partículas virais são encontradas em níveis detectáveis no coração, pulmão, rim, fígado, testículo, glândulas salivares, músculo esquelético, gordura marrom etc, de diferentes animais domésticos e silvestres. A manipulação da carcaça de um animal raivoso oferece risco elevado, especialmente para os profissionais que atuam nos açougues, cozinheiros, ou funcionários da indústria de transformação de carnes.

Podemos manipular animais suspeitos de raiva?

Deve-se ter extrema cautela ao lidar com animais suspeitos, pois pode haver perigo quando pessoas não preparadas manipulam a cabeça e o cérebro, ou introduzem a mão na boca dos animais, na tentativa de desengasgá-los. Caso isso ocorra, deve-se procurar imediatamente um posto de saúde para atendimento.