*Responsável pelo Programa de Vigilância para Febre Aftosa em Rondônia
Quando se olha para um passado recente percebe-se o tamanho da façanha que o Brasil acaba de conquistar: o tão almejado status internacional de país livre de febre aftosa sem vacinação. Nesse contexto é primordial enaltecer todo o esforço e dedicação que tanto o setor público, mas sobretudo o setor produtivo teve ao longo desses últimos 75 anos.
Sim, é hora de comemorar o feito, mas jamais esquecer que essa guerra ainda não está ganha. Há quem diga que “febre aftosa nunca mais”, ou ainda que agora a febre aftosa não é mais um problema e que é página virada.
Dessa forma, quero manifestar a minha preocupação quando escuto que a febre aftosa não é mais um problema para Rondônia ou ainda que essa é uma pauta vencida e que agora devemos mudar a pauta e conversar sobre outras coisas mais importantes para o agronegócio rondoniense.
- Há quem pense que Rondônia nunca mais terá um foco de febre aftosa. Acredito que era o que a Inglaterra dizia até 2001, o Japão até 2010, e mais recentemente alguns países da Europa (Alemanha, Hungria e Eslováquia). Por isso, fico muito preocupado com esse discurso de negar o que é perfeitamente possível, basta um pequeno descuido para a febre aftosa ser reintroduzida em nossos rebanhos.
- Há quem pense ainda que o Governo dará conta de impedir que a febre aftosa entre em nosso estado. Digo-lhes como a maior franqueza do mundo: não, o governo, sozinho, não dá conta de promover essas garantias de impedir a reintrodução da febre aftosa por aqui. Mas então como fazer?
Bem, só tem uma forma, é sempre nos mantermos vigilantes do que acontece dentro das nossas propriedades. “Como assim? Não entendi!” É simples, todo produtor, daqui pra frente, deve entender que a febre aftosa está aí no mundo e que o produtor é o principal guardião do seu patrimônio, devendo notificar à Idaron qualquer suspeita de doença, seja na própria propriedade ou do vizinho. E outra coisa que preciso falar que é tão importante quanto isso: os produtores devem apoiar e seguir as orientações colocadas pela Agência Idaron.
O serviço veterinário oficial é aquele pai que sempre zela pelo melhor para o seu filho, que orienta, que educa para que o filho nunca entre no mundo das drogas, por exemplo. Então, devemos cada vez mais fortalecer os laços da parceria que deu e precisa continuar dando certo. É preciso reconhecer que a Idaron é uma instituição forte e que tem a cada ano aprimorado sua estrutura, mas também é necessário reconhecer que é impossível, que ele sozinho, nos dê as garantias que febre aftosa nunca mais será detectada por aqui.
Para finalizar, é necessário deixar bem claro a todos que a febre aftosa é sim uma grave ameaça e que precisamos estar cada vez mais falando, discutindo e debatendo sobre o tema, pois o pior erro que alguém pode cometer é pensar que, se já erradicamos, nunca mais a teremos por aqui. Lembrem-se: os produtores sendo os verdadeiros vigilantes é o que sustenta qualquer garantia de diminuição da possibilidade de a febre aftosa ingressar novamente em nossos rebanhos.